A Pedagogia de Projetos:
O novo olhar na aprendizagem
INTRODUÇÃO:
O mundo mudou e só mudou porque as relações sociais,
organizacionais, pessoais, familiares, econômicas, educacionais e tecnológicas
mudaram. Estamos vivendo na Sociedade do Conhecimento 1onde há a exigência de um
indivíduo crítico, criativo e reflexivo. Vivemos novos paradigmas em todos os
setores. Com a globalização dos mercados, há uma tendência de intelectualização
e criatividade de todo o processo econômico, político, social, ético/estético e
também o educacional onde implica mais conhecimento, informática, domínio de
idiomas, habilidades comunicativas e cognitivas, flexibilidade de raciocínio,
capacidade de empreender, administrar, gerenciar, lecionar, criar, inovar.
Nesta sociedade do conhecimento onde há a exigência de um indivíduo crítico,
criativo e reflexivo, a presença das novas tecnologias no setor educacional
requer profundas modificações de formação e preparação dos professores e
alunos, e nesta perspectiva a escola ainda se encontra defasada, mesmo sentindo
esta real necessidade de mudança, requer do professor / educador um novo jeito
de ensinar / educar, proceder, aprender, mudar.
Os professores assim como os alunos começaram à inovar o
aprender História porém, ainda de forma um pouco lenta, mas atuante.
Concordamos com Sônia Nikitiuk, quando diz:
“percebemos também que as novas orientações para o ensino de
História pretendem promover uma prática pedagógica aberta e dinâmica,
preocupada fundamentalmente com a questão da cidadania. Tal questão nos remete
à necessidade de instituição de uma escola que se preocupa com a formação – e
nesse sentido abrange o projeto de situar o aluno no seu contexto histórico, a
fim de capacitá-lo para o agir e transformar, e não apenas para atuar e
reproduzir.” (Sônia,
pg. 91)
Constatamos no dia-a-dia que é um desafio para o professor ensinar História
nestes novos paradigmas, de forma a acabar com a decoreba e pensar
historicamente. “A função da História é fazer
com que o aluno compreenda melhor a realidade em que está vivendo. E não serão
os erros do passado que nos darão uma visão diferente do presente. Mas eles
também fazem parte da ponte entre o passado e o presente”(Sônia,
2001)
O processo histórico é contínuo. Não podemos compreender como o passado evoluiu
até o presente sem compreender como o presente evolui para o futuro, a História
é o produto da inter-relação dos princípios de continuidade e de transformação.
Evidentemente, diante de tantas mudanças, devido a era da informação, a
História também foi destituída de seu status de consolidadora do passado
tornando-se o que de fato ela é: uma ciência em construção e é nesse novo
cenário que a escola assume um novo papel para atender à essa disciplina,
alunos e professores na condição de“eternos
aprendizes” , de um novo ensinar História, impregnado de uma
nova prática pedagógica na medida em que trabalha além das aulas expositivas, o
uso de um vídeo, de uma pesquisa, de leituras de livros, jornais, revistas,
internet, softwares, enfim, uma dinâmica transdisciplinar e transcendente de
atividades.
Segundo Sônia Nikitiuk (Org)
“ Uma nova concepção de ensino, contudo, está sendo esboçado.
Fundamentada principalmente nas teorias de Piaget e Vygotsky, a concepção
construtivista fornece subsídios para a superação das aulas expositivas como
metodologia exclusiva, apontando caminhos para um ensino que estimule o
desenvolvimento cognitivo dos alunos em direção a níveis qualitativamente
superiores” (Sônia,
pg. 75)
Um dos objetivos da permanência da História no atual currículo é
contribuir para a construção da cidadania. A identidade é um tema de relevância
para a sociedade brasileira, pois são muito importantes o intercâmbio de
comportamentos, valores e tecnologias, que desarticula formas tradicionais de
trabalho e neste contexto do ensino - aprendizagem de História é importante
criar situações de aprendizagem que possibilitem aos alunos relacionar suas
vivências, experiências, com as problemáticas históricas inerentes à sociedade,
localidade, região, o local e o global, resgatando o passado e projetando o
futuro.
Diante destas mudanças, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), e os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCNs) possuem uma característica inovadora:
“ ao nortear a ação pedagógica através das referências e dos
parâmetros básicos, esse conjunto de leis permite ao educador grande autonomia
de ação, capaz de levar em conta, antes de tudo, as realidades de cada aluno,
de sua escola e de sua região”.
A nova LDB, por sua vez, exige explicitamente a elaboração de projetos
pedagógicos que definem a identidade, os objetivos e a metodologia a serem
desenvolvidos pela escola, baseado neste parecer da Lei, é que adotamos nas
escolas públicas de porte especial e nas particulares de porte médio, em
Guanambi-BA, o trabalho metodológico com PROJETOS que têm assumido como forma
alternativa do ensino de História a PEDAGOGIA DE PROJETOS – esta nova postura
pedagógica foi introduzida através de PROJETOS DE TRABALHO que é um plano de
trabalho com atividades diversificadas gerando situações de aprendizagem que
favorecem aos alunos à busca de conhecimentos. É neste contexto que
problematizamos: - A PEDAGOGIA DE PROJETOS FAZ COM QUE
HAJA MAIOR MOTIVAÇÃO NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA HISTÓRIA NOS ALUNOS
DO ENSINO MÉDIO?
Como hipótese abordamos: - TRABALHAR COM PEDAGOGIA DE PROJETOS
AUMENTA A MOTIVAÇÃO PARA APRENDER A DISCIPLINA HISTÓRIA NA CLASSE DE ALUNOS DO
ENSINO MÉDIO.
Atuando há vinte e dois anos no campo educacional de Escolas
Públicas com, alunos de classe baixa e nível médio, como Regente, Diretora e
agora Coordenadora de Curso Normal, venho constatando a cada dia que há uma
diferença muito grande entre o ritmo da vida e o da escola. Esta se encontra
lenta, defasada, atrasada, frente aos avanços tecnológicos da Sociedade da
Informação e Comunicação que evoluem momentaneamente com a internet, revistas,
jornais, clubes, filmes etc. E para agravar ainda mais este quadro de
morosidade, os alunos que permanecem neste espaço da escola não têm motivações,
interesses, prazer, para descobrir, para produzir e disseminar seus
conhecimentos. Isto nos angustia muito, razão pela qual queremos desenvolver a
pesquisa, visando encontrar uma saída para este caos, tornando um ensino mais
motivador, encantador, estimulador, substituindo longas fórmulas cansativas
para memorizar e sem utilidades na vida prática, por produções de pesquisas que
envolvam áreas distintas do conhecimento através de fontes diversas como livros,
internet, periódicos, colegas, software. Em vez do ensino mecânico, o lúdico,
em vez do teórico maçante, o prático com textos de jornais, revistas e filmes;
do conhecimento científico, onde os alunos realizam o método experimental e
também onde estes sejam produtores de seu conhecimento e não reprodutores e
copiadores de conhecimentos passados por professores.
A humanidade contemporânea demonstra visíveis sinais de decadência e procura de
várias formas encontrar caminhos que levem a existência humana ao equilíbrio,
formando verdadeiros cidadãos. A educação é um destes caminhos, portanto, não
podemos mais viver nesta escola que se encontra apática, com a mesma
filosofia e metodologia de ensinar da época dos Jesuítas: Ler, escrever e
contar, alunos parados, enfileirados, estáticos, ouvindo aos professores,
informações obsoletas, de forma mecânica, sem fazer um relacionamento destes
dados ou conteúdos com a prática e com a realidade, como também não
distinguindo as informações relevantes das sem importância, do ensino que
ainda se encontra no paradigma tradicional. Na era da clonagem, do genoma
humano, das inovações tecnológicas, é preciso despertar nos nossos alunos o
gosto pela escola, o prazer de estudar, a importância do conhecimento, do saber
X fazer, das competências e habilidades para que possamos inseri-los neste
contexto literário, histórico sociocultural que vivemos como cidadãos críticos,
reflexivos, participativos e conscientes do seu papel na sociedade local e
global.
Com todas as inovações tecnológicas desenvolvidas para informar, a
solução, porém, ainda está no mestre, pois este é humano e com ternura,
carinho, calor, poderá resgatar todo o potencial dos nossos adolescentes, com
uma educação cognitiva, desenvolvendo uma didática envolvente e motivadora,
tentando conhecer, compreender e ser mediador, auxiliando o aluno naquilo que
ele precisa para aprender, analisar, compreender, deduzir, sintetizar, aprender
a aprender, fazendo com que os alunos dêem margem ao seu saber,
produzam seus conhecimentos, busquem suas informações, resgatem suas atitudes e
valores, buscando também o seu ser, pessoa, gente, para a formação de um mundo
mais solidário, humano, competente no seu saber científico e capaz de formar
uma sociedade de homens justos, dignos e letrados por uma educação libertadora.
Para que os professores possam atender aos pressupostos necessários à sociedade
do conhecimento é preciso internalizar-se de um paradigma inovador denominado
de Paradigma Holístico, segundo Edgar Morin, (2000)
“esse paradigma sustenta o princípio do saber do conhecimento em
relação ao ser humano, valorizando a sua iniciatividade, criatividade, detalhe,
complementaridade, convergência, complexidade. Segundo
alguns autores teóricos, o ponto de encontro de seus estudos sobre este
paradigma emergente é a busca da visão da totalidade, o enfoque da aprendizagem
e a produção do conhecimento”. (Morin, Edgar, 2000)
Concordamos com Morin, e neste enfoque da aprendizagem, nós
professores deveremos ter uma ação pedagógica inovadora, reflexiva onde possamos
dar espaço para que nossos alunos realmente produzam seus conhecimentos para a
formação de um sujeito cognoscente crítico, reflexivo e inovador e que tenha um
bom relacionamento como pessoa. Quando o aluno realmente produz o seu
conhecimento com autenticidade, criticidade, criatividade, dinamismo,
entusiasmo, ele questiona, investiga, interpreta a informação, não apenas a
aceita como uma imposição. Para que este aluno realmente tenha como meta segura
a internalização de seus conhecimentos, é preciso que os professores trabalhem
com projetos; em que o aluno aprende participando, formulando problemas,
refletindo, agindo, investigando, construindo novos conhecimentos e
informações, problematizando, seguindo uma trilha motivacional e, que o
professor ao trabalhar com projetos possa tornar o ensino atrativo e de
qualidade, despertando a conscientização de uma nova maneira de ensinar, uma
nova postura pedagógica, levando os alunos a descobrir, investigar, discutir,
interpretar, raciocinar, e cujos conteúdos devem ser conectados a uma
problemática do contexto social, político e econômico do aluno, significando
uma outra maneira de repensar a prática pedagógica e as teorias que a embasam
(Lúcia, 1998)
Ainda com relação a Lúcia:
“Um projeto gera situações problemáticas, ao mesmo tempo, reais e
diversificadas. Possibilita, assim, que os educandos, ao decidirem, opinarem,
debaterem, construam sua autonomia e seu compromisso com o social”. (1998)
Ressaltamos nesta citação, o envolvimento do aluno no projeto, em que eles
tomam decisões, fazem escolhas, executam e vão adotando comportamentos e
valores embasados em seus conhecimentos. As experiências pedagógicas na
Pedagogia de Projeto revelam muita autenticidade, criatividade, criticidade e
transparência, tudo o que é projeto tem novo significado, um novo olhar, um
novo enfoque na aprendizagem. Os conteúdos trabalhados ganham vida,
significado, porque não são vistos isoladamente, mas integrados a um conjunto,
conectado, interligado a outras disciplinas, na construção do conhecimento.
Portanto, a escola ao trabalhar com Pedagogia de Projetos, deverá inovar,
criar, experimentar, agir, estes são os desafios importantes para projetarmos
uma nova maneira de ensino/aprendizagem na disciplina de História.
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