PROFESSOR(A) À VOCÊ... COMO NOS ENSINOU PAULO FREIRE, NÃO ESTAMOS EM NOSSO MUNDO PARA SIMPLESMENTE A ELE NOS ADAPTARMOS, MAS PARA, COM CERTEZA, TRANSFORMÁ-LO. E, PARA TANTO, ACREDITEMOS QUE É POSSÍVEL MUDÁ-LO COM UM CERTO SONHO OU PROJETO DE MUNDO.

A Pedagogia de Projetos: O novo olhar na aprendizagem


A Pedagogia de Projetos: O novo olhar na aprendizagem

INTRODUÇÃO:

O mundo mudou e só mudou porque as relações sociais, organizacionais, pessoais, familiares, econômicas, educacionais e tecnológicas mudaram. Estamos vivendo na Sociedade do Conhecimento 1onde há a exigência de um indivíduo crítico, criativo e reflexivo. Vivemos novos paradigmas em todos os setores. Com a globalização dos mercados, há uma tendência de intelectualização e criatividade de todo o processo econômico, político, social, ético/estético e também o educacional onde implica mais conhecimento, informática, domínio de idiomas, habilidades comunicativas e cognitivas, flexibilidade de raciocínio, capacidade de empreender, administrar, gerenciar, lecionar, criar, inovar. Nesta sociedade do conhecimento onde há a exigência de um indivíduo crítico, criativo e reflexivo, a presença das novas tecnologias no setor educacional requer profundas modificações de formação e preparação dos professores e alunos, e nesta perspectiva a escola ainda se encontra defasada, mesmo sentindo esta real necessidade de mudança, requer do professor / educador um novo jeito de ensinar / educar, proceder, aprender, mudar. 

 Os professores assim como os alunos começaram à inovar o aprender História porém, ainda de forma um pouco lenta, mas atuante. Concordamos com Sônia Nikitiuk, quando diz:
“percebemos também que as novas orientações para o ensino de História pretendem promover uma prática pedagógica aberta e dinâmica, preocupada fundamentalmente com a questão da cidadania. Tal questão nos remete à necessidade de instituição de uma escola que se preocupa com a formação – e nesse sentido abrange o projeto de situar o aluno no seu contexto histórico, a fim de capacitá-lo para o agir e transformar, e não apenas para atuar e reproduzir.” (Sônia, pg. 91)

            Constatamos no dia-a-dia que é um desafio para o professor ensinar História nestes novos paradigmas, de forma a acabar com a decoreba e pensar historicamente. “A função da História é fazer com que o aluno compreenda melhor a realidade em que está vivendo. E não serão os erros do passado que nos darão uma visão diferente do presente. Mas eles também fazem parte da ponte entre o passado e o presente”(Sônia, 2001)
            O processo histórico é contínuo. Não podemos compreender como o passado evoluiu até o presente sem compreender como o presente evolui para o futuro, a História é o produto da inter-relação dos princípios de continuidade e de transformação. Evidentemente, diante de tantas mudanças, devido a era da informação, a História também foi destituída de seu status de consolidadora do passado tornando-se o que de fato ela é: uma ciência em construção e é nesse novo cenário que a escola assume um novo papel para atender à essa disciplina, alunos e professores na condição de“eternos aprendizes” , de um novo ensinar História, impregnado de uma nova prática pedagógica na medida em que trabalha além das aulas expositivas, o uso de um vídeo, de uma pesquisa, de leituras de livros, jornais, revistas, internet, softwares, enfim, uma dinâmica transdisciplinar e transcendente de atividades.
            Segundo Sônia Nikitiuk (Org)

“ Uma nova concepção de ensino, contudo, está sendo esboçado. Fundamentada principalmente nas teorias de Piaget e Vygotsky, a concepção construtivista fornece subsídios para a superação das aulas expositivas como metodologia exclusiva, apontando caminhos para um ensino que estimule o desenvolvimento cognitivo dos alunos em direção a níveis qualitativamente superiores” (Sônia, pg. 75)

Um dos objetivos da permanência da História no atual currículo é contribuir para a construção da cidadania. A identidade é um tema de relevância para a sociedade brasileira, pois são muito importantes o intercâmbio de comportamentos, valores e tecnologias, que desarticula formas tradicionais de trabalho e neste contexto do ensino - aprendizagem de História é importante criar situações de aprendizagem que possibilitem aos alunos relacionar suas vivências, experiências, com as problemáticas históricas inerentes à sociedade, localidade, região, o local e o global, resgatando o passado e projetando o futuro.
            Diante destas mudanças, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) possuem uma característica inovadora:

“ ao nortear a ação pedagógica através das referências e dos parâmetros básicos, esse conjunto de leis permite ao educador grande autonomia de ação, capaz de levar em conta, antes de tudo, as realidades de cada aluno, de sua escola e de sua região”.

            A nova LDB, por sua vez, exige explicitamente a elaboração de projetos pedagógicos que definem a identidade, os objetivos e a metodologia a serem desenvolvidos pela escola, baseado neste parecer da Lei, é que adotamos nas escolas públicas de porte especial e nas particulares de porte médio, em Guanambi-BA, o trabalho metodológico com PROJETOS que têm assumido como forma alternativa do ensino de História a PEDAGOGIA DE PROJETOS – esta nova postura pedagógica foi introduzida através de PROJETOS DE TRABALHO que é um plano de trabalho com atividades diversificadas gerando situações de aprendizagem que favorecem aos alunos à busca de conhecimentos. É neste contexto que problematizamos: - A PEDAGOGIA DE PROJETOS FAZ COM QUE HAJA MAIOR MOTIVAÇÃO NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA HISTÓRIA NOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO?
            Como hipótese abordamos: - TRABALHAR COM PEDAGOGIA DE PROJETOS AUMENTA A MOTIVAÇÃO PARA APRENDER A DISCIPLINA HISTÓRIA NA CLASSE DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO.
Atuando há vinte e dois anos no campo educacional de Escolas Públicas com, alunos de classe baixa e nível médio, como Regente, Diretora e agora Coordenadora de Curso Normal, venho constatando a cada dia que há uma diferença muito grande entre o ritmo da vida e o da escola. Esta se encontra lenta, defasada, atrasada, frente aos avanços tecnológicos da Sociedade da Informação e Comunicação que evoluem momentaneamente com a internet, revistas, jornais, clubes, filmes etc. E para agravar ainda mais este quadro de morosidade, os alunos que permanecem neste espaço da escola não têm motivações, interesses, prazer, para descobrir, para produzir e disseminar seus conhecimentos. Isto nos angustia muito, razão pela qual queremos desenvolver a pesquisa, visando encontrar uma saída para este caos, tornando um ensino mais motivador, encantador, estimulador, substituindo longas fórmulas cansativas para memorizar e sem utilidades na vida prática, por produções de pesquisas que envolvam áreas distintas do conhecimento através de fontes diversas como livros, internet, periódicos, colegas, software. Em vez do ensino mecânico, o lúdico, em vez do teórico maçante, o prático com textos de jornais, revistas e filmes; do conhecimento científico, onde os alunos realizam o método experimental e também onde estes sejam produtores de seu conhecimento e não reprodutores e copiadores de conhecimentos passados por professores.
            A humanidade contemporânea demonstra visíveis sinais de decadência e procura de várias formas encontrar caminhos que levem a existência humana ao equilíbrio, formando verdadeiros cidadãos. A educação é um destes caminhos, portanto, não podemos mais viver nesta escola que se encontra apática, com a mesma filosofia e metodologia de ensinar da época dos Jesuítas: Ler, escrever e contar, alunos parados, enfileirados, estáticos, ouvindo aos professores, informações obsoletas, de forma mecânica, sem fazer um relacionamento destes dados ou conteúdos com a prática e com a realidade, como também não distinguindo as informações relevantes das sem importância, do ensino que ainda se encontra no paradigma tradicional. Na era da clonagem, do genoma humano, das inovações tecnológicas, é preciso despertar nos nossos alunos o gosto pela escola, o prazer de estudar, a importância do conhecimento, do saber X fazer, das competências e habilidades para que possamos inseri-los neste contexto literário, histórico sociocultural que vivemos como cidadãos críticos, reflexivos, participativos e conscientes do seu papel na sociedade local e global.
             Com todas as inovações tecnológicas desenvolvidas para informar, a solução, porém, ainda está no mestre, pois este é humano e com ternura, carinho, calor, poderá resgatar todo o potencial dos nossos adolescentes, com uma educação cognitiva, desenvolvendo uma didática envolvente e motivadora, tentando conhecer, compreender e ser mediador, auxiliando o aluno naquilo que ele precisa para aprender, analisar, compreender, deduzir, sintetizar, aprender a aprender, fazendo com que os alunos dêem margem ao seu saber, produzam seus conhecimentos, busquem suas informações, resgatem suas atitudes e valores, buscando também o seu ser, pessoa, gente, para a formação de um mundo mais solidário, humano, competente no seu saber científico e capaz de formar uma sociedade de homens justos, dignos e letrados por uma educação libertadora.
            Para que os professores possam atender aos pressupostos necessários à sociedade do conhecimento é preciso internalizar-se de um paradigma inovador denominado de Paradigma Holístico, segundo Edgar Morin, (2000)

“esse paradigma sustenta o princípio do saber do conhecimento em relação ao ser humano, valorizando a sua iniciatividade, criatividade, detalhe, complementaridade, convergência, complexidade. Segundo alguns autores teóricos, o ponto de encontro de seus estudos sobre este paradigma emergente é a busca da visão da totalidade, o enfoque da aprendizagem e a produção do conhecimento”. (Morin, Edgar, 2000)

Concordamos com Morin, e neste enfoque da aprendizagem, nós professores deveremos ter uma ação pedagógica inovadora, reflexiva onde possamos dar espaço para que nossos alunos realmente produzam seus conhecimentos para a formação de um sujeito cognoscente crítico, reflexivo e inovador e que tenha um bom relacionamento como pessoa. Quando o aluno realmente produz o seu conhecimento com autenticidade, criticidade, criatividade, dinamismo, entusiasmo, ele questiona, investiga, interpreta a informação, não apenas a aceita como uma imposição. Para que este aluno realmente tenha como meta segura a internalização de seus conhecimentos, é preciso que os professores trabalhem com projetos; em que o aluno aprende participando, formulando problemas, refletindo, agindo, investigando, construindo novos conhecimentos e informações, problematizando, seguindo uma trilha motivacional e, que o professor ao trabalhar com projetos possa tornar o ensino atrativo e de qualidade, despertando a conscientização de uma nova maneira de ensinar, uma nova postura pedagógica, levando os alunos a descobrir, investigar, discutir, interpretar, raciocinar, e cujos conteúdos devem ser conectados a uma problemática do contexto social, político e econômico do aluno, significando uma outra maneira de repensar a prática pedagógica e as teorias que a embasam (Lúcia, 1998)
Ainda com relação a Lúcia:

“Um projeto gera situações problemáticas, ao mesmo tempo, reais e diversificadas. Possibilita, assim, que os educandos, ao decidirem, opinarem, debaterem, construam sua autonomia e seu compromisso com o social”. (1998)

            Ressaltamos nesta citação, o envolvimento do aluno no projeto, em que eles tomam decisões, fazem escolhas, executam e vão adotando comportamentos e valores embasados em seus conhecimentos. As experiências pedagógicas na Pedagogia de Projeto revelam muita autenticidade, criatividade, criticidade e transparência, tudo o que é projeto tem novo significado, um novo olhar, um novo enfoque na aprendizagem. Os conteúdos trabalhados ganham vida, significado, porque não são vistos isoladamente, mas integrados a um conjunto, conectado, interligado a outras disciplinas, na construção do conhecimento. Portanto, a escola ao trabalhar com Pedagogia de Projetos, deverá inovar, criar, experimentar, agir, estes são os desafios importantes para projetarmos uma nova maneira de ensino/aprendizagem na disciplina de História.

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