Para Paulo Renato Souza, o diretor é peça principal para a qualidade da educação
Provão, Enade, Prouni, Fundef,
Piso Salarial... O ex-ministro fala da Educação Brasileira hoje e dos
bastidores da sua gestão - 12/12/2008
20:02
Texto Lu Scuarcialupi
Educação é o assunto que mais cativa o economista Paulo
Renato Souza. Ex-ministro da Educação durante todo o governo Fernando
Henrique Cardoso, ele criou o Fundef, que garantiu o acesso de todas as
crianças à escola, e o primeiro sistema de avaliação de ensino do Brasil. Aos
63 anos, mais de trinta deles dedicado à vida pública, o deputado federal pelo PMDB
falou à repórter Lu Scuarcialupi em uma tarde de trânsito em São Paulo. Foram
mais de três horas relembrando os 8 anos à frente da Educação brasileira.
Entrevistado em seu escritório nos jardins, entre retratos, fotografias e
diplomas, Paulo Renato lembrava o passado com crítica, autocrítica, mas
liberdade. Membro da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, ele ainda falou
dos caminhos que teremos de percorrer na busca por Educação de qualidade para
todos no Brasil.
Para ler, clique nos itens abaixo:
Paulo Renato Souza : Qualidade. A Educação hoje é o
único serviço público universalizado. A escola pode ser boa ou ruim, mas você
tem o serviço. Aí vem o outro problema: boa ou ruim. Há escolas públicas muito boas
na periferia. A questão é porque todas não são boas? Os professores são os
mesmos, o salário é o mesmo. Os pais e as mães sabem quais são as boas, há fila
na frente das escolas; nas que não são boas, há vagas sobrando, porque isso? No
meu modo de ver, depende do diretor e da participação da comunidade, mas as
duas coisas estão ligadas: quando um diretor é um líder, chama a comunidade; e
quando a comunidade tem líderes, toma a escola e coloca um diretor bom.
Paulo Renato Souza : Em um país como o Brasil, você
tem de pensar na escola como o centro da comunidade e não apenas como um
período de aula. Tem de pensar como uma referência para a comunidade em termos
de participação, de esporte, de cultura, de lazer. Ao mesmo tempo, é preciso
uma participação muito forte dos pais para cobrar resultados do diretor. E
quando o diretor começa a cobrar os professores, o que acontece é o seguinte:
no meio dos professores há uma porcentagem alta de professores extremamente
participativos, uma média de professores normais e uma porcentagem pequena de
professores ruins que são relapsos. Em geral, quando o diretor cobra, os ruins
vão embora. Naturalmente, acontece um filtro e a escola passa a contar só com
bons professores. Eu diria que o ponto chave da Educação é o diretor da escola,
a partir dele você pode mudar a escola. Contando sempre com a comunidade. Aí
esbarramos em outro problema bastante sério: garantir vagas escolares nos
bairros onde as crianças moram. A população brasileira, nas últimas décadas, se
movimentou muito. Ela migrou para as cidades, nas cidades foi para as
periferias. Quando assumi a secretaria de Educação de São Paulo em 1984,
fizemos um levantamento: faltavam 10 mil salas de aula e sobravam 8 mil salas
no centro da cidade onde a população já não estava, mas faltava na periferia
para onde a população, especialmente a mais carente, tinha se deslocado. O
critério universal para o ensino básico é que a escola tem de estar no bairro.
O poder público precisa garantir que a escola do bairro atenda a população do
bairro. Isso foi um processo de democratização importante na estruturação da
rede de ensino que ocorreu basicamente ao longo dos anos 1970 e 1980.
Paulo Renato Souza : O primeiro grande desafio foi
montar o sistema de informação e, depois, de avaliação que implantamos. Quando
assumi o Ministério havia uma carência de informação: os dados estavam
desatualizados em quase cinco anos. Só no final do primeiro ano recebemos as
informações do IBGE e da PNAD que continham a proporção de crianças fora da
escola. Aprovamos o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério) em 1996, ainda no escuro, sem
informações. O Fundo teve impacto importante sobre a questão salarial, e mais
importante ao trazer toda criança para a escola.
Paulo Renato Souza : Primeiro, tinha o apoio do
Presidente da República. Além disso, grande parte do dinheiro do Fundo é dos
estados e municípios... apenas redistribuí. Os deputados achavam que uma
proposta que vinha do Ministério da Educação não tinha impacto fiscal tão
preocupante. E quando se fala em Educação todo mundo é a favor, é politicamente
correto. Essa emenda constitucional, que tramitou
Referencias bibliograficas.
http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/entrevista-paulo-renato-souza-409193.shtml
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